O atacante arranca do
meio campo com a bola dominada, se livra do zagueiro e adentra a grande área,
dribla o goleiro e quando vai chutar para marcar o gol do título aos 45 minutos
do segundo tempo o goleiro lhe dá uma rasteira.
Diz a regra: Pênalti e
expulsão do goleiro.
O árbitro corre, cartão
vermelho em punho. Mostra o cartão para o goleiro. Mas estranhamente não o tira
do jogo.
Situação improvável?
Estranha? Esdrúxula? Isso Pode Arnaldo? Perguntaria Galvão Bueno.
Não, não Pode! Se isso
acontece, estão rasgando o regulamento, as regras do futebol, melando o
campeonato. Não pode. Diria o comentarista.
Ontem 31 de Agosto, em
outro campo, no Senado Federal, em Brasília o jogo era outro. Era o jogo da
política. O regulamento era a Constituição, o árbitro era o Lewandowski e a
partida era a final do impeachment da (agora ex) presidente Dilma, mas o que
aconteceu foi exatamente o mesmo relatado acima.
Ao fatiarem o processo
cassando o mandato e mantendo os direitos políticos os senadores rasgaram a
constituição e me fizeram sentir (pasmem) do Collor! Esse sim, um injustiçado,
pois quando sofreu o mesmo processo 24 anos atrás, horas antes do julgamento,
apresentou sua carta renúncia para ter os direitos políticos preservados e foi
sumariamente ignorado. Outros membros do legislativo depois dele, como ACM,
Jader Barbalho e o próprio Renan Calheiros que atualmente preside o Senado,
também usaram da mesma estratégia e lograram êxito. Só o coitado do Collor se
deu mal. Dilma nem isso fez. Rasgaram a Carta Magna ao vivo, para todo o Brasil
ver.
Lewandowski mostrou o
cartão vermelho para ela, mas permitiu que ela continuasse em campo.
A sensação que temos é
aquela de uma meia vitória, a da ressaca de bebida ruim, a alegria que ficou
pela metade, como um coito interrompido...
O Brasil é celebre em
possuir coisas que o mundo admira. Uma delas é a jabuticaba. Fruta doce,
saborosa e delicada. Só existe aqui.
Podemos acrescentar o
impeachment com manutenção dos direitos políticos a essa lista.
Mas o sabor
infelizmente é intragável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário