A marca dos 100 dias é simbólica e cultural na política e na vida das pessoas.
Depois do retorno do exílio na Ilha de Elba, em março de 1815, o imperador
francês Napoleão Bonaparte voltou ao poder e governou por 100 dias até a derrota
do seu exército na Batalha de Waterloo.
Nos Estados Unidos, em 1933, o presidente
Franklin Roosevelt chegou à Casa Branca e apresentou nos primeiros 100 dias um
pacote de medidas para recuperar o país em crise, um pacote econômico que ficou conhecido como NEW DEAL.
No hemisfério sul, em 1984, o
navegador brasileiro Amyr Klink atravessou o oceano Atlântico em um barco a remo,
da África ao Brasil, durante esse mesmo espaço de tempo e a façanha foi relatada na
obra “Cem dias entre céu e mar”, que reforça no título a simbologia do período.
No entanto, vem do
oriente um dos mais interessantes exemplos após os 100 dias do
nascimento. Chamada de Okuizome, Além da sopa e três pratos, esse ritual inclui
pedras, que expressam a esperança de que o bebê tenha dentes tão fortes, que o
permita comer até pedra. Assim, consideramos que a passagem pelo período de
adaptação é crítica e se o novo líder consegue a integração plena com alcance
do ponto de equilíbrio em até 100 dias, ao superar a transição, detectar com
sucesso a cultura e conquistar o time, ele não apenas vai criar valor para a
companhia, como poder dessa marca. A cultura japonesa realiza uma celebração na primeira refeição sólida do bebê, que acontece no centésimo dia de vida, uma tradição que visa gerar soluções para a vida toda, repleta de símbolos, como o ato de "triturar as pedras" que representa os problemas que a criança enfrentará no mundo corporativo, forjando assim um novo líder.
Já em Guarulhos, após 100 dias de governo Guti está longe de ser o General Napoleão, embora seu ego permita pensar em si comofuturo Imperador, ou melhor, como já confessou a amigos próximos, Presidente da República. Tampouco tem a ousadia de Klymk e seu Paraty em busca de mares bravios tendo apenas as estrelas como testemunhas, precisa dos apaninguados de sempre e seus 1169 asseclas comissionados para segui-lo e apoia-lo (fora o exército virtual). Também não tem a tradição dos orientais, apesar dos olhos ligeiramente puxados, para mastigar as pedras que herdou e se portar como o líder que se vendeu nas urnas para uma população que acreditou nele.
São 100 dias de marketing, discursos, maquiagem, pintuaras, andanças e holofotes. Ações? Poucas. Os seguidores dirão o de sempre: herdou uma cidade quebrada, é pouco tempo, dê tempo ao tempo, ele está no caminho certo.
Nada serve como desculpa.
Guti sabia o que herdaria?
Então não pode reclamar.
Não sabia?
Então prometeu o que não poderia entregar, mentiu!