As faces da COVID-19 por trás dos números frios.

A cada dia nos deparamos com as trágicas notícias da pandemia causada pelo Novo Coronavírus. Em um dia são 136 mortos, no outro 356, no próximo 1379. Enqunato escrevo essas linhas o número oficial é de 5901.

O maior problema é que são apenas números. Olhamos o "placar" dos países com mais casos como se olhassemos a tabela do campeonato. Em que posição estão?

Esses números tem nomes, João, Pedro, Ricador, Maria, Tereza, Graça, Wilson, Marcia e tantos outros. Representam pessoas. Pessoas que até outro dia estavam em seus empregos. Eram MÉDIDOS, ENFERMEIROS, contadores, jornalistas, artistas anonimos. Deixaram para tras sonhos, carreiras, familia, amigos... 

O café na casa de milhares de familias brasileiras esfriou. Há um prato a menos na mesa, uma gargalhada silenciada.

Aqui trazemos os nomes e os rostos de algumas vítimas da COAVIS-19.

Talvez assim, aqueles que estão passeando livremente pelas ruas sem necessidade, fazendo o víris circular possam compreender que a coisa é séria e que no mural das vítimas de amanhã, pode estar a face de um familiar ou até mesmo a sua.

O médico Edsneider Souza de 42 anos. Ele era casado, deixou uma esposa e sua filha de quatro anos crescerá sem ver o olhar terno (foto) e o sorriso de seu pai.

O técnico de enfermagem Douglas Barbosa de Medeiros de 33 anos segundo a esposa não tinha receio de exercer sua profissão. Douglas trabalhava diretamente na linha de frente tratando das pessoas que chegavam com sintomas, ele nunca hesitou em exercer a profissão com responsabilidade e amor. Deixou esposa.

Diógenes Moreno morreu na quarta-feira (22). Sargento da PM, ele era lotado no 14° Batalhão (Bangu). O PM deixa mulher e duas filhas. Internado, ele chegou a enviar uma mensagem sobre a doença para um amigo. “É uma situação complicada, né? A gente só acredita quando acontece com alguém próximo. Eu tô aí de exemplo”, disse Diógenes.

Dr. Jayme de Oliveira Junior morreu em 19/04 em Natal (RN). Ele era reconhecido por pacientes e colegas como um profissional qualificado, com compromisso e respeito pela profissão, segundo o Conselho Regional de Medicina do RN.

A médica proctologista Maria Altamira de Oliveira de 71 anos morreu em 05/4 no Rio Grande do Norte. Ela esteve nos Estados Unidos entre 7 e 18 de março em um congresso de medicina e, depois de voltar, no dia 21, começou a sentir os sintomas da doença.

 Naomi Munakata além de maestrina titular do coral paulistano foi regente do coro da Orquestra Sinfônica do Estado de Sã Paulo (Osesp) professora e diretora da Escola Municipal de Música de São Paulo, foi também uma amiga. Toda vez que eu for à Osesp ver um ensaio terei de sair quando acabar, não terá mais sentido esperar para tomar café com Naomi e beber de seu conhecimento, sorver a sua sensibilidade, sua visão otimista do mundo. Nunca mais a verei regendo. Perde a familia, perde a cultura e perdemos todos nós. Naomi tinha 64 anos.

E daí? è só uma gripezinha, não preciso conhecer essas pessoas, não sou coveiro!

Isso é o que diz o fascínora de plantão no Alvorada.

Fizemos a seleção das vítimas em sua maioria profissionais da área de saúde e segurança com dois objetivos: homenagear esses profissionais que estão na linha de frente, trabalhando com escassez de material, desrespeito por parte da politicagem, da população que muitas vezes não valoriza o trabalho deles e parte da imprensa que não reconhece o SUS como importante.

A outra razão é mostrar que quando você fica em circulação são pessoas como essas, com essas histórias, esses olhares e sorrisos, que tem familia, amigos como todos nós, que você está colocando em risco.

Pense nisso ao sair desnecessariamente de casa.