quarta-feira, 12 de junho de 2019

Quem vai ouvir tua voz, quando os gritos de agora cessarem?




Jeanne Marie, mais conhecida como Madame Roland foi a Viscondessa Roland de la Platière e figura central na Revolução Francesa, foi em sua casa que duas vezes por semana o Partido Girondino se reunia para discutir os destinos da França recém republicana.
Condenada à morte em 1793, a caminho da guilhotina, Madame Roland disse:
 "Oh Liberdade, quantos crimes são praticados em seu nome!"

 Mais de  dois séculos depois, do outro lado do Atlântico um juiz e um procurador da república armam um conluio em nome do combate a corrupção para prender um líder político, bem colocado nas pesquisas de intenção de votos que poderia ser reconduzido ao planalto e prolongar a estadia de seu partido no poder. 
Resultado de imagem para moro dallagnolInterferiram claramente no jogo político, ferindo o Código de Ética da Magistratura, nos princípios morais que regem os cidadãos de bem, como se a frase proferida por Maquiavel há 500 anos "os fins justificam os meios" fosse a medida da justiça. 
Não é. Ou pelo menos não deveria ser.

Todos os brasileiros que se preocupam com o estado democrático de direito, com as liberdades individuais deveriam estar indignados com essa situação. Já vimos esse filme antes e o final não foi bom. 
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O jornalista Herzog estava na redação da TV Cultura e foi chamado para dar alguns esclarecimentos às autoridades, dias depois, "suicidou-se". Vlado era casado, tinha filhos, bom emprego, não tinha inimigos,não tinha histórico  e não tinha motivos para tal ato. Antes dele o deputado Rubens Paiva também foi esclarecer algumas coisas e desapareceu. Para sempre. Em Perus (zona Oeste de São Paulo) foi encontrado um cemitério clandestino com centenas de corpos de pessoas que foram prestar esclarecimentos sobre suas atividades e nunca mais apareceram. 

O Estado brasileiro nunca esclareceu essas ações. 
As explicações sempre foram de que estavam limpando o Brasil do Comunismo. 
Quantos crimes foram cometidos em nome dessa limpeza?
Em nome do combate a corrupção crimes graves foram cometidos. Crimes que atentam contra o que temos de mais precioso: nossa liberdade.
Pessoas de bem não podem se comportar como torcedores em uma arquibancada torcendo por esse ou aquele time.
Condenar os atos da dupla Moro/ Dallagnol não significa apoiar Lula e os corruptos, e por extensão estar contra a Lava á Jato.

O combate à corrupção deve ser prioridade de todos nós, mas isso deve ser feito respeitando os princípios legais.

Resultado de imagem para charges moro grampeadoSe apoiamos esse tipo de ação contra um ex presidente da república, como poderemos pedir que a lei seja justa, o juiz imparcial quando o acusado for o trabalhador pobre da periferia, nosso vizinho, nosso filho ou nós mesmos?

Em seu poema Intertexto (que reproduzo abaixo) dos anos 1930, quando Hitler começava a encantar a Alemanha, Bertold Brecht expressa com profunda clareza, sabedoria e angústia o que nos espera se enveredarmos por esse caminho. 
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Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados       

Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Vale a reflexão.

Alex Honse

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